domingo, 23 de agosto de 2009

Pra desvirginar... Primeiro post

Noite de domingo.


Ia meio tênue, em seu gesto, mesmo escondendo um vulcão absoluto.  E eram sempre noites de domigo. E nem precisava ser noite de lua cheia. Acontecia. Se transformava. E aquele domingo. Aquele domingo já demonstrava um sopro diferente. Quando sonhou que voava.

Limpou a casa. Ouviu música. Cozinhou. Consertou a bicicleta. Andou pela cidade. Conheceu lugares novos. João estava assim pleno do querer o desconhecido. E há quanto não andava de bicicleta por aí, ruando. Foi quando encontrou alguém na esquina. Já era noite, lembrava que acordara as 10h. Foi quando viu, ali, naquela esquina. Era um despacho. E paralisou quando viu aquilo.

Não se sabe por que, pensou em tanta coisa. Pensou sobre sua vida e viu-se assim, tão na esquina. E com um despacho! Diacho! O que eu estou fazendo aqui?
Pensava em Carolina. Com sua roupa branca, quando era pequeno. Era muito estranho o quanto as memórias são puxadas por momentos tão inusitados.

Parou a bicicleta e resolveu conversar.

 - E aí seu Exu, tudo beleza?

Não ouviu nada do outro lado, apenas um vento forte levantava uma peninha do outro lado da rua.

 - Aaaah... tá na pluma né?  Então tá tudo bem...


Um silêncio bom se apodera. Dá apenas pra ouvir os barulhos dos carros, numa avenida ao fundo.

João apenas se distrai, e vê uma formiga, carregando um pouquinho da comida pro santo. E pensa o quanto formigas são profanas. Devem ser filhas de Exu, então podem levar.  Mas pensa também que está em uma encruzilhada. Aquele momento na vida em que temos que virar esquinas. Mover-se ao desconhecido, por que de tudo já se conheceu.  João colhia aquele dia como se fosse tudo. E pensava, ainda hei de dizer. Dizer tudo o que o mundo havia feito pra fazê-lo chegar ali, naquela encruzilhada (com um monte de farofa, azeite de dende e carne mal passada) era exatamente tudo que ele queria devolver pro mundo. Como em algum transe, levantou, pegou sua bicicleta e pedalou-se. Amém Exu. Deus da comunicação. só pensou.

No caminho continuou com seu silêncio vulcânico de praxe. E no meio da lava que corria por dentro enquanto o vento corria por fora, um mantra lhe abateu. "Que há muita coisa a se dizer pro mundo."  E repetiu, isso muitas vezes."Que há muita coisa a se dizer pro mundo." "Que há muita coisa a se dizer pro mundo.""Que há muita coisa a se dizer pro mundo." feito prece. Só quando chegou em casa percebeu. Que havia conseguido. Havia dobrado uma esquina. Na noite de domingo.

No outro dia sabia. No que continuar.

24 de agosto de 2009

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