segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Prega.

E o que seria de nós sem nossas fragilidades sedentas de fortalezas? E o que seria de nossa vida sem nosso completo desprendimento de errar, de parecer bobo, de parecer inocente sendo o mais consciente de nossa necessidade de ser criança sendo adulto, de nossa necessidade de ultrapassar limites mesmo que seja errado.  Todo mundo que vive realmente, que não passa em branco, quer saber o seu lugar no mundo mesmo sabendo que é um no meio de bilhões de pessoas. Nessa busca, acaba sendo extremamente desatinado consigo mesmo.  E é bom que seja.  Não ser comedido é bom por que assim sabe-se o que é escassez. Não gostar do que é limitado, do que é colocado como limite ao nosso sonho, do que é pecado, não gostar da hipocrisia cotidiana, que até nos faz viver em sociedade, e nos faz entender muito pouco sobre nossa capacidade e nosso desejo de ver realmente do que somos capazes, e não aquilo que querem que a gente faça da gente. Precisamos dizer do que não gostamos, sem medo.  Estamos imersos em uma sociedade que erroneamente se apega a moral em detrimento da ética, daquilo que erroneamente chamamos de integridade ao invés de desejo.  Somos seres feitos de desejo, somos seres completamente conscientes de nossa natureza instintiva e isso faz de nós seres medrosos, seres que têm tanto medo do medo, tanto medo de andarmos nus.  Que maravilha e que indecência é usarmos roupa.  Roupa é nosso disfarce cotidiano é nossa forma de nos mostrar é nosso desejo de subentendido é nossa forma de parecermos normais diante da consciência que negamos, de que só somos plenos diante de nossa loucura. Tenho um apreço a loucura, ao inconsciente, aos perdidos, aos que não se ajustam, aos que amam desmedidamente, aos que se entregam tão atarantadamente as compulsões, compulsos que são, em tentar entender, em tentar descobrir. Ai, qual lugar no mundo, o que eu vim fazer aqui? Para onde vai esse texto? Perguntar-se é uma prece que afirma.

Talvez alguma música adormeça essas palavras desnudas, tadinhas. Com tanto frio diante de olhos tão quentes. Alguma sociologia apenas me basta, não me emprega.
É uma prega essa vida. A ser rasgada.

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