sábado, 25 de fevereiro de 2012

Feriado Nacional

Para entender o carnaval é preciso cantar, ouvir, ver sentir, dançar, se deixar levar pela alegria. É preciso também um olhar do alto, imaginando o que é o Brasil em comparação ao resto do mundo nessa data. Alguns bailes de máscara em Veneza (ou nos Alpes Alemães), numa realeza contida e cheia de segredos, em New Orleans com algumas da 'Big Band's' pelas ruas, e de repente, a Bahia, Salvador, Recife-Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Cidades Históricas, um Brasil inteiro levando seus filhos para vestir a fantasia e cantar marchinhas de carnaval!

Eu vi tantos post no Facebook falando mal do carnaval, com um monte de críticas sociais, falando sobre a hipocrisia da alegria no meio de um mundo em guerra e com fome e sim:  sejamos realistas. Mas não deixemos que a realidade nos sequem os olhos. Carnaval é a busca de prazer, alegria, bem estar, paixão, arrebatamento, é o desfile realizado na avenida, o bloco em que se paquera e dança e que se namorar. Sei que alguns não gostam, preferem o recanto da solidão ao seu lado, e não ver toda a realidade misturada desse país, que sim, é sem dúvida um país diferente nesses quatros dias e meio de folia... (isso quando a folia não estende, feito rede a rir do trabalho...)

Assistam o humilde video-experimento! E Viva o Feriado Nacional!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sonhos soltos.

Por que fecho os olhos e te vejo. Por que é bom tê-lo vivo por que sempre o queremos bom, nunca ruim, nunca pesadelo. Por que às vezes não o controlamos, mas sempre com ele aprendemos. Por que tê-lo é ter sempre um horizonte de futuro, uma esperança que não se acaba. Por que pode ser doce como nome de sobremesa. Por que pode ser uma Utopia. Um misticismo. Uma premonição.  Por que se materializa com o nome de realização. Por que é tão humano. Por que nunca pode ser vendido. E sempre nos invade a noite, quando lá estamos; recolhidos do dia vivido, soltos em nossos pensamentos.
Por  que pode ser um ótimo enredo de Carnaval. Por que poetas, músicos, artistas, dele bebem. Por que é tão amplo que dele nada se duvida. Por que a Lua é sua inspiração. Por que pode ser de amor, de família, de lugares, de prazeres, e ainda sim, enigmas.
Ele, a quem reflito tantas perguntas, só permanece vivo por que ainda estamos vivos, no meio da dureza da realidade, da guerra de todo dia. Seria ele o fator escondido que nos gera a vida? Realizar-se é o sonho de todo sonho.  Não seria uma medida que nos torna todos iguais? Felicidade é sempre adiante na vida, mais e mais, não seria a vida pro sonho, sua comida?
Quais são seus sonhos? Não seria uma pergunta sempre pertinente para se avaliar alguém? Seus almejos, suas medidas. Sonhar com bicho não dá pra ganhar na loteria? Há quem sempre acerte, talvez por que sinta alguma mensagem cifrada, encolhida de sono.
Enfim, sonhar parece ser importante pra nós. Justamente por sua existência despercebida?
Por que tantas perguntas, já que ninguém vive de sonho?
Perguntar sobre seus sonhos é perguntar-se: Quem quero ser na vida?

Por tantos enredos, por tantos desejos o próprio sonho se justifica.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dia 2 de fevereiro é forte candidato à Feriado Nacional?

Pelo dia do Bom Senso Político!
Pelo dia da Diversidade!
Pelo dia da Ressaca!

Eu, como mero professor de sociologia, convoco à toda nação face-bukovskiana, a exigir do congresso nacional o "Dia do Bom senso político" - comemorando o tão sonhado dia que tenhamos uma democracia de verdade, sem desvios de discussões e de dinheiro, - um dia em que representantes do poder não desviem o olhar da sociedade civil das questões sociais usando como subterfúgios discussões inóquas sobre a criação de dias comemorativos! 

Imagino eu, que se tem algum hétero comemorando a criação do seu dia, no minimo ele deveria se perguntar:  mas por que se criar um dia para se comemorar a minha orientação sexual? De quais lutas eu participei pra me afirmar hétero?

Nasci? 

Pelo que me lembre, dos anais da História, os Héteros nunca foram ofendidos, julgados, vilipendiados, perseguidos, mortos, odiados, escondidos, ocultados, humilhados, por serem Héteros. Os Homossexuais, sim, já foram.

Mas mesmo assim, e ainda assim, algum Hétero ainda pode se perguntar: Mas se os gays tem o seu dia de orgulho, por que nós não o temos? Direitos iguais, diria um irônico... Imagino que alguns vereadores da câmara de São Paulo tenham usado isso como argumento para criar tal dia...Sofrem tanto de pré-conceitos, esse vereadores de tão pouco poder,e batem a mão no peito e falam com a boca cheia que são Héteros ofendidos, e injuriados com os excessos feitos pelos gays (palavras do tão comedido vereador do Democratas ...)

"Dia do Orgulho Hétero é o dia que lampadada na cara tá liberado! se desmunhecar, leva na cara, falô, eu sou espada!"

 Por que não escolheram essa data pra ilustrar melhor o que é o Orgulho Hétero? Dia 14 de novembro (foi essa data da selvageria na Paulista) mostrou bem a faceta do que pode significar orgulho Hétero.... ficaria mais adequado e mais honesta essa data, lâmpadas usadas podem finalmente encontrarem um fim justo! Não, mas não escolheram o dia 14 de novembro para o dia do Orgulho Hétero, escolheram o doce e natalino terceiro domingo do mês de dezembro. Na cabeça de quem escolheu a data ficou a imaginação preconceituosa de  todo mundo feliz em ter uma "Família só de Hetéros", como se homossexuais não partilhassem da família, todos reunidos as voltas com presépios e do espírito cristão medieval ao pé do Menino-Jesus. Enquanto algum gay apanha na Paulista. Linda Cena. Ótimo Feriado! São Paulo vai ficar muito melhor com essa benfeitoria feito pelo vereador Carlos Apolinário do DEM-SP.  

Não acho que devamos comemorar dia de "Orgulhos", de orgulho já viveram muitos movimentos sociais que não compreendiam a diversidade humana... mas o dia do Orgulho Gay foi criado como um grito, de que gays não precisam de tratamento para virarem héteros, pois até um tempo atrás  a maioria da sociedade - incluindo médicos, líderes religiosos e até psicólogos (pasmem! mas aconteceu...) consideravam que os gays eram um caso de saúde mental! Gosta de alguém do mesmo sexo: lavagem cerebral, em alguns casos era a receita! É justo que a data tenha sido criada, e na época em que foi criada, nos tempos idos de 69 na Rebelião de Stonewall. Agora, criar um dia do Orgulho Hétero logo após a aprovação do casamento gay é no minimo falta de bom senso, é querer fazer uma guerrinha pra mostrar "quem é mais importante"  numa queda-de-braço em busca em busca duma supremacia entre as orienteções sexuais que os movimentos organizados que trabalham com a questão LGTTB nunca reivindicaram.  O dia do Orgunlho gay sempre foi comemorado em busca do respeito e reciprocidade, e da afirmação de que todos podemos constituir família. Sempre foi comemorado com festa na Paulista.  A questão da diversidade sexual não está balizada numa medição de força entre Héteros e Homos, mas sim sobre a questão dos direitos civis, do Estado Laico, do respeito.  O dia do Orgulho Gay  lembra todos os gays que enfrentaram a polícia, quando seus bares e sua presença em locais públicos eram proibidos... o dia do Orgulho Hétero lembra o que mesmo? Pura falta de bom senso político. Algum vereador, ou deputado, poderia argumentar que no dia do Orgulho Hétero tá liberada uma cota de piadinhas homofóbicas e exorcismos pra ver se transmutamos gays em héteros por via da fé de pastores desumanos...   

Bom, mas se os Héteros deputados estaduais ficaram com "invejiiiinha"do dia do Orgulho Gay e não perceberam a vergonha que eles representaram com essa discussão -  eu proponho a criação do Dia da Diversidade Sexual - no mesmo dia do "Dia do Bom senso político".  Assim, comemoramos todas as orientações sexuais, em comunhão. Hetéros, Gays, Lésbicas, Panssexuais, Assexuados! Univo-os e gozai-vos! E de quebra um pouco de bom senso, político, já que a política deveria ser o campo do respeito a diferença. 


Sugiro, até pra reafirmar o "Dia da Confraternização Universal",  o dia 2 de janeiro, dia que na prática já é feriado... assim emenda com o dia 1º, e aí tudo vira festa! Comemoramos o ano novo sempre pensando na diversidade e no bom senso político no segundo dia do ano - que também pode ser finalmente oficializado como o dia da Ressaca!

Que acham? 2 de janeiro pra feriado nacional?

P.s: pensei no dia 3 também... por que aí vira feriado prolongado... mas achei muita falta de bom senso político da minha parte, iria contradizer a primeira data comemorativa...
2 de janeiro - Dia do Bom Senso Político Dia da Diversidade Sexual Dia da Ressaca

sexta-feira, 6 de maio de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=RJB5yHjAK8A&feature=related

Procurando um vídeo sobre a reação católica à aprovação do casamento gay, não achei nada recente, mas algumas coisas que haviam sido postadas antes. Ao ver esse vídeo  entendi "claramente" o que é a posição  da igreja para o "projeto de país" e a visão da "pessoa humana" por parte dos "verdadeiros cristãos", afirmando que o casamento gay, a legalização do aborto, é um desrespeito aos direitos humanos. É curioso como uma instituição que desrespeitou os direitos humanos tanto tempo, e com pecados muitos graves (não quero bancar o professor de história aqui) vêm com a boca cheia dizer que o casamento gay é um desrespeito aos diretos humanos, e que os homossexuais são "pessoas reduzidas a engrenagem do poder político, a engrenagem do estado"... Penso eu, e agradeço do passo dado em direção à uma visão mais realista e livre de preconceitos que o Estado brasileiro deu... e digo a igreja católica: que antes atrelados à engrenagem do Estado, que entende que o casamento não é só mérito daqueles que podem se procriar, mas sim daqueles que se amam, do que atrelado à engrenagem da igreja católica tão destruidora dessa nova família alicerçada no amor independente da sexualidade, e que por isso mesmo diz  muito mais sobre o que é a família.  Mulheres que se amam querem adotar filhos. Homens também. Crianças sozinhas querem famílias. E o que vai separá-las é o preconceito, igreja católica? eu pergunto... - e rezo (não é ironia não minha gente, eu sei rezar...)para um dia que a igreja estenda seu conceito de família e que visão reduzida é aquela que não entende nada sobre as várias facetas da humanidade e que ainda classifica as pessoas em "reduzidas e não reduzidas". Mas do jeito que anda, é capaz da igreja querer voltar a caça os hereges! Perdoe-os senhor, eles não sabem o que dizem! Saravá meu pai! Que Oxalá nos proteja...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sonhei que você sonhava comigo, ou seria o contrário? Caio Fernando Abreu estava junto, apenas me olhando de canto, como que dizendo: lá no fundo você sabe a resposta, baby. E acordado, ou apenas sonhando estar acordado, tive minha lucidez, minha pequena epifania. Sonhei que sempre sonhávamos juntos, e éramos respeitáveis em nosso sonho junto, sem mentiras, sem medos, tranquilos em nossas solidões enquanto meditávamos e rezávamos pelas mazelas do mundo, enquanto juntos lia-mo-nos. 

Ótima leitura pascoal pessoas! Legal pra se ler com quem sem ama.


http://www.4shared.com/file/BDde2Czn/Caio_Fernando_Abreu_-_Pequenas.html

terça-feira, 22 de março de 2011

Jogo.


Um Contra o Outro

Anda, desliga o cabo,
que liga a vida, a esse jogo,
joga comigo, um jogo novo,
com duas vidas, um contra o outro.

Já não basta,
esta luta contra o tempo,
este tempo que perdemos,
a tentar vencer alguém.

Ao fim ao cabo,
o que é dado como um ganho,
vai-se a ver desperdiçamos,
sem nada dar a ninguém.

Anda, faz uma pausa,
encosta o carro,
sai da corrida,
larga essa guerra,
que a tua meta,
está deste lado,
da tua vida.

Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.

Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.

Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Caramujo solto prefere ser astrólogo a professor de história.

Eu não sei se são as muitas provas pra se preparar, ou alguns trabalhos para corrigir, mas eis que percebo que ainda não havia postado nada em 2011, e quão preguiçoso eu, trabalhando.
Talvez por que Urano entrou em Áries, resolvo emergir em palavras, geminiando cá com minhas idéias. O ano começou com o carnaval em março, trabalho em janeiro, chuvas, inundações, revoltas populares no mundo islâmico, vulcões, e com o Planeta Urano ingressando na constelação de Áries e por algum motivo meu lado astrológico estourou. Para desespero de alguns amigos. Penso pelo menos que umas das primeiras ciências do homem: a astrologia, nunca matou ninguém. Nunca ouvi falar de alguma história em que a astrologia tenha matado alguém, não que eu saiba, tudo pode sempre ter uma segunda versão ainda não comprovada, diria meu lado geminiano... Agora quanto às outras ciências que se dizem Ciência com ar catedraticamente maiúsculo, não posso dizer o mesmo. É por que Urânio vaza, e aí meu amigo, nós viramos novamente uma geração atômica. Preocupa-nos a bomba, a usina, o que for, diante do poder que a ciência moderna conseguiu concentrar em suas mãos. Falando em mãos, procure imaginar o que é um bastão de Urânio enriquecido.
E hoje, depois de algumas aulas de sociologia e de história para o ensino médio, eu fiquei me perguntando, sobre qual régide de ciência que estamos vivendo? O que aconteceu dos tempos do Renascimento Cultural, até os tempos atômicos? Pois é. Andando pela rua hoje de manhã vi um certo ar triste no ar. Fico eu cá, brasileiro, imaginando o Japão.
E Fiquei pensando num homem renascentista observando esse tempo. Ou um astrólogo egípcio. Acho que ambos não iam gostar muito do ar desse novo milênio.
Mas a história segue, e ainda não inventaram a máquina do tempo, para desespero ou alegria dos professores de história. E se já tivessem inventado, acho pouco provável que alguém voltasse com alguma boa vontade para essa era. E cá sigo eu, tentando escrever na entrelinha, entre as provas do primeiro ano e do segundo. Continuo eu com o caramujo solto! Lento mais caminhante. Romântico, porém não menos racional, aguardo eu que dentre todo o desnudamento de verdades da chamada Nova Era, os caramujos fiquem soltos, sem se preocupar em sair correndo por conta de radiação. E que os astros nos guardem! Por que nós mesmos não estamos dando conta!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quando o dicionário é a lingua do outro.

Escrever é meditar, para quando se está tranquilo. Tudo já passou, e agora, e como se estivessemos nascendo junto com cada palavra, com cada barulho de tecla batendo, estivessemos também escrevendo para quem quizesse ler. E considero que a cada momento, somos uma palavra, como se sempre estivessemos envolvidos pela a essencia de algumas delas, as palavras, tão belas e feias de serem ditas.

Minha palavra do momento: amor.

E assim, revendo minha vida, e revendo o mundo, eu vou tentando entedê-la, à vibração do outro. Sim, para se entender de fato uma palavra com a tessitura do vocábulo amor, é preciso sentir a vibração do outro. Assim como precisamos de um dicionário para qualquer termo desconhecido, precisamos desse outro, recíproco, que também vive essa enigmática palavra: amor.

Penso que não há dádiva maior, vivê-lo assim, palavras que se cumprimentam, que tem o mesmo som, mas que uma dita para a outra (um casal, por assim dizendo) é um presente de tal palavra, amor, que vai tornando os seres envolvidos em seres em revolução.

Amar é Revolucionar-se. Nem tem como não ser. Largar o passado, por que o presente te completa. E te complementa. E te faz querer mais, cada vez mais uma busca de satisfação divina, por que se há algo de divino em nós, é a nossa capacidade de amar. Difícil sim, sabemos. Mas exatamente por isso, nos agarramos, para que de nós, extraiamos o que de mais forte em nossa pequena passagem como humanos entre nascer e morrer. Se pudermos dizer, sem medo de sermos clichê, que amamos e fomos amados nesse entremeio, tudo valeu.

Amemos, senhores e senhoras. é assim mesmo. Às vezes o verbo conjugado parece feio, errado. Mas todos os tempos verbais da ação em questão são assim mesmos, diversos nos tons dos fonemas, tão vasto nosso português, nossa língua. Nossa lingua que quando se mistura a outra, ama como quem apenas sente o gosto da boca que se quer, por que dela, qualquer simples palavra, ressoa, como prece, como carinho, como cuidado, como desejo, como palavra para dar voz a pulsação.

Mas chega, falar de amor todos falam, e quando penso nessa palavra, penso em Carlos Drummond de Andrade:

"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vendo passarinho verde.

rapaz to caídinho.
coração tombou.
de tão verde o passarinho
que pra dentro de mim voou.

domingo, 15 de agosto de 2010

Barulhos Urbanos.

Como se tivesse passado por todas as provas do mundo finalmente encontrava um lar. Uma casa ampla, de luz do amanhecer em cima da cama, de chão de madeira e janelas grandes na sala para uma paisagem muy hermosa. Tá certo, um tanto rural demais, certo desmantelar com o verde, meio bordel de gente que se diverte a noite, mas de tão bom um interior que olha a azaléia no primeiro plano da vista.
O vizinho ao fundo abre a torneira. Do lado da casa, um posto de gasolina, e uma oficina mecânica. Mas a casa tem sempre música, por que seus novos habitantes são por demais expressivos para deixarem se abater pelos barulhos urbanos. Mesmo sob a pressão do funk do vizinho do meio do quarteirão ou da oficina mecânica.
Era casa viva essa. A vista dizia passarinho.

domingo, 23 de maio de 2010

Amor?

Quer fantasia e esperança maior do que amar de véspera? Feito criança, o dia de natal para ganhar presente. Se entregar por inteiro mesmo na primeira impressão, primeira sensação, uma palavra, um olhar, uma situação, um momento. Todo amor nasce de encontros. De histórias que se intercruzam. Para que dessa esquina, do primeiro beijo, deixe tudo claro. Tudo preciso.
Amor é preciso. E nada mais.
Eu sem amor, não vivo nada por inteiro. Vou aos pedaços. Tentando me juntar. E percebendo, que minha maior dor, é o meu maior caminho. Aceito esse caminho com responsabilidade, mesmo exercendo a loucura necessária para desvendar esse enigma sem resposta.
Amo o enigma. O que não se explica. O que não se acha resposta. O que é e o que é. Amor é assim. É por que é. Todo amor que se preze tem um gosto fantasia de destino. Feito aroma, essência, daquilo que imaginamos que é, mas não é, mas que é mágico, místico, fantástico, com qual sabor? Risos. Amor é o desconhecido, sempre, e por isso, sempre, a busca. Amor é a nossa cenoura amarrada na nuca, um coelho sempre em busca de uma comida que o faz buscá-la, incessantemente. Amor é infinito, por que não se conforma, sempre quer mais.
Amor é mudança junto. Amor é testemunho das mudanças. Amor é. E sempre pode ser o que não se explica. De véspera então, uma pura ilusão, ou mesmo, aquilo que mais se acredita sem nenhuma razão. Já diria Platão. Ou qualquer criança que o sinta. Um título que se pergunta, um ponto final que diga. Só no silêncio, terreno próprio de tal sentimento, que tal interrogação, por si mesmo, significa.

terça-feira, 16 de março de 2010

Ordem da Palavra

Há momentos na vida que é preciso entrar em greve de quase tudo, só para ver se alguma coisa muda. Greve, greve sim. Sabe aquele momento que você diz: ei, para tudo, isso não tá indo pro lado certo, é pra cá, vem prá cá, aí é o lado negro da força, aqui não, aqui a gente caminha, xinga o governador, diz que tem direitos...
Mas ando em greve de tudo. Tão em greve, que não escrevo mais uma palavra se quer, coloquei todas as safadas para exercerem a sua função de palavra de ordem: desse jeito: bem cadenciado: "Cadê minhas férias! Governador! Mes de janeiro é um direito e não favor!" Sim... ando dado a inventar palavras de ordem. Faz bem canta-las na passeata e ver todo mundo repetindo, por que entendeu...Greve é uma coisa difícil, ainda mais de professor de escola pública, tão espancado. A mídia te espanca, o Estado te massacra, e você só consegue pensar em como conseguir seu aumento, em como dar aula, em como continuar vivendo com esse salário lanche ônibus-coxinha-refri-ônibus. Uma hora mudo de emprego, deixo de ser professor. Passo a vender palavras de ordem para a greve do dia, feito ambulante vendendo latinha de cerveja no meio da passeata.

domingo, 7 de março de 2010

A Torre e a Sacerdotisa no mundo de Narciso.

Estava então fazendo sua passagem. As lágrimas não eram mais as mesmas, nem tampouco, os tempos idos. Os pesos de cada coisa agora tinham a tessitura da vivencia que o acompanhara. Não dava pra saber se por isso as coisas eram mais densas, mais cheias de contradições, mas sabia que tudo tinha um motivo. Uma sensação de jornada, de epopéia lhe acompanhava desde criança, então isso não havia mudado. Deitado no chão do banheiro, deixando o chuveiro desmantelar-se em poucos pingos, abandonava aquelas lágrimas estranhas, que desconhecia por sua maneira de brotarem. Naquela vontade que talvez seja o seu núcleo, a sua entranha, o seu fundo, buscava reconhecer tais lágrimas, curiosidade inutil, só gerava apenas mais algumas pingos, feito os textos que escrevia esporadicamente. Era hora de levantar.
Mal enxugado, pois-se no espelho, e só via uma superfície branca no lugar do reflexo. Meio sem entender, o que teria feito aquele sal mole com seus olhos, parou apenas e respirou. De olhos fechados o branco do espelho, do não reflexo lhe abatia, o que fazer com tudo aquilo vivido, com toda a sorte de sentimento e de desprendimento, de fuga e de enfretamento, que havia passado? Qual seria o final da jornada, tão grande e tão extensa, que só podia ser sua ultima vida na terra, seu ultimo aprendizado, talvez por isso o mais difícil.
Pensamentos difíceis aqueles, cheios de redemoinhos, como aquela sua barba por fazer. Uma imensidão de palavras pulavam de um lado para o outro, como se quisessem escapar ilesas de tais tentativas, de tentar entender, de tentar entender. O banheiro era um lugar de coisas intimas, bonitas e feias, mas era o lugar reservado pra nudez. E nu, despido de qualquer farsa, atinava com seus botões imaginários como seria se fazer inverter. Mostrar toda a força que tinha por dentro,sem se esmaecer por fora, mas sim, se tornar vivedouro ao vento. Sem nenhum intuito de se tornar um mártir, um revolucionário, um líder, um popstar, mas alguém tão alguém que ninguém saberia por onde começaram aquelas mudanças que queria pro mundo, e que já sentia dentro de si.
Levado pela palavra caida, enxugou-se na toalha recolhida do chão, fechando os olhos. Pensou fundo, tentando achar aonde por dentro, tentando ver por meio de reza, aonde é que nascem nossas lágrimas, por onde brota o líquido. Imaginava com todas as forças, que essa seria a ultima lágrima, que restauraria tudo dentro de si, sendo capaz até de alterar aquela brancura seca que via no espelho. Aquela ultima lágrima o libertaria do passado, e o faria reflexo de si, com aquilo que ele tivesse se tornado. Com qual cor pintaria o espelho a derradeira foz? Desconfiava que era apenas um daltônico da alma, já com um alto e leve sorriso.
Imaginou o liquido brotando, em um pequeno canal, atrás de seu olho, e sentiu devagar pequenos sulcos que levam tal lágrima a despencar do olho. Algo ardia, algo aliviava. E ela veio, triste de tanta sede de felicidade, que inundou o globo ocular e caiu rápida, atingindo rápidamente o queixo, em um deslizar perfeito pela bochecha. Abriu os olhos, primeiro viu tudo um tanto azulado, quase como um negativo de foto, e o foco aos poucos foi também trazendo as outras cores e o espelho congelou naquela primeira imagem depois de atingida a gota d´água, por quanta sorte era estar vivo, assim, nu, com seus olhos vermelhos e sua cara de espanto. Os olhos apenas relaxaram um pouco, ao ver que tudo é como sempre foi, reconhecendo sua nova forma. Olhando no espelho, era só mais alguém chorando. E que agora se via. De fronte a tudo que desejava ardentemente pra vida. Solto, renascido, era mais uma mina de um recomeço de alma para si mesmo. Vazante, assim, algum futuro possível. Olhou calmo para as prateleiras do banheiro e soube a primeira ação depois de tudo.

Era um pouco de colonia de alfazema para o novo rumo que acabara de nascer.

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